Santander Brasil ajuda a combater o desmatamento no país com blockchain e token de carbono

“O Santander acredita que existem alternativas eficazes para promover o desenvolvimento sustentável da região amazônica”, destacou a instituição

O banco Santander, uma das principais instituições financeiras do Brasil, junto com o governo do Amapá e o Sebrae do Mato Grosso estão ajudando a mudar a realidade ambiental do Brasil por meio de um programa que usa blockchain e tokenização em benefício da preservação ambiental.

As instituições são os apoiadores do programa de sustentabilidade ambiental Brasil Mata Viva (BMV) que desde 2018 vem ampliando suas atividades no Brasil e beneficiando produtores pela produção sustentável e criando um 'arco dos desmatamento'.

Para isso o programa criou um Selo Tesouro Verde no qual os empreendedores são motivados a adotar práticas sustentáveis e que minimizam a 'pegada de carbono', tudo registrado em blockchain, e em troca ganham UCSs (Unidades de Crédito de Sustentabilidade) que podem ser trocados por recursos financeiros.

Para isso o programa criou um Selo Tesouro Verde no qual os empreendedores são motivados a adotar práticas sustentáveis e que minimizam a 'pegada de carbono', tudo registrado em blockchain, e em troca ganham UCSs (Unidades de Crédito de Sustentabilidade) que podem ser trocados por recursos financeiros.

“O Santander acredita que existem alternativas eficazes para promover o desenvolvimento sustentável da região amazônica e o Programa Tesouro Verde é um bom exemplo do que podemos alcançar quando os setores público e privado se unem em busca de soluções”, disse Paulo César de Lima Alves, superintendente-executivo da Rede Norte do Santander Brasil.

Atualmente o programa já beneficia 228 produtores de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e Pará com cinco núcleos ativos, sendo três no Mato Grosso, um no Amapá e um em Rondônia. Outros cinco estão previstos para em Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Blockchain

Ao Globo Rural, a CEO da BMV, a economista Maria Tereza Umbelino de Souza, explicou que o primeiro passo é os agricultores aderirem ao programa e assinar um compromisso de preservar e proteger a floresta nativa pelos próximos 25 anos.

Depois o inventário da área, aplicando metodologia validada por cientistas da Faculdade de Ciências Econômicas da Unesp e registrada na ONU (Organização das Nações Unidas). Todo o processo é auditado por uma empresa terceirizada.

Maria Tereza explica que depois de auditado o inventário é registrado em blockchain e a calculadora da Plataforma Tesouro Verde converte o volume de recursos naturais consumidos pelo comprador em quantidade de UCSs que equivalem a 1 tCO2e (tonelada de dióxido de carbono equivalente).

Então o pagamento é feito e a transação registrada em blockchain e então o comprador recebe o selo com informações sobre a fazenda que gerou o crédito, localização das áreas preservadas e o detalhamento do que está sendo conservado entre vegetação, fauna, flora e recursos hídricos.

"Ao final do processo, o titular do crédito, que geralmente é o produtor rural, recebe o pagamento", explica.

Na plataforma, cada UCS custa hoje R$ 180,31. Há três anos, quando o selo começou a ser implantado no Amapá, valia R$ 77,60.

“Nossa plataforma inventaria, quantifica, valora e coloca no mercado as UCSs, que são, na verdade, os frutos da conservação das florestas em áreas de reserva legal e APPs (Áreas de Preservação Permanente). É uma commodity do produtor”, diz.

UCSs

A CEO destaca adina que os UCSs são geradas sempre pelo serviço prestado e aferido no ano anterior e de acordo com o tamanho da área conservada, da localização e do volume de carbono estocado, o produtor recebe um determinado número de UCSs.

Assim, um hectare preservado no arco do desmatamento na Amazônia, por exemplo, pode render ao produtor 1.600 UCSs que, na cotação atual, corresponde a cerca de R$ 288 mil

Além disso, segundo ela, já estão inventariados mais de 700 mil hectares de floresta e cerca de 1.000 produtores de várias regiões, incluindo Sudeste e Nordeste, estão na fila para aderir ao programa.

“O produtor rural produz soja, milho, boi, mas renuncia à receita para conservar florestas em sua propriedade e tem direito de receber por isso. O pagamento também é uma forma de criar condições para ele permanecer na terra”, diz a economista.

Quem paga pelos créditos dos produtores são empresas de todo o mundo que precisam reduzir sua pegada de carbono e, segundo Maria, os primeiros compradores foram clientes da Inglaterra, Suíça, Itália e Alemanha.

Já no Brasil, os primeiros clientes foram um laboratório e uma indústria de caminhões que adquiriram os créditos em 2008 de uma forma voluntária para colaborar com a conservação de florestas.

A economista diz que o projeto de lei que criou a política nacional de pagamento por serviços ambientais sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro em janeiro deste ano veio dar visibilidade a algo que o BMV já faz.

“Mas ainda falta garantir clareza e acessibilidade para produtores, empresas e instituições. Acredito que a grande vocação do Brasil, além de produzir alimentos, é conservar florestas. O produtor rural é um aliado da conservação e esse protagonismo tem que ser mostrado ao mundo.”