FAO reafirma preocupação com ecossistemas

Escrito em 12/03/2012 por Wandell Seixas

Wandel Seixas
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) reafirmou no final de semana sua preocupação com a ameaça aos bosques das montanhas em todo o mundo. O Brasil não fica de fora. Os madeireiros acionam as motosserras sem perdão nas florestas brasileiras. É na Amazônia, onde os clarões são visíveis através das imagens via satélites. O crescente aumento das temperaturas e dos incêndios florestais, o crescimento demográfico, a insegurança alimentar e a insegurança em matéria de combustíveis, compõem o cenário apresentado em recente publicação da FAO.
 
As pressões demográficas e a expansão da agricultura intensiva contribuem fortemente para as ações contra os morros e as montanhas. O desenvolvimento sustentável é a palavra de ordem das instituições representantes dos agropecuaristas. Infelizmente, na ponta nem todos os produtores acatam essas recomendações, agora reforçadas pela FAO.
 
Esse braço da ONU na área de agricultura e alimentação tem demonstrado sua preocupação com a questão ambiental não é de hoje. A FAO alerta que as montanhas são responsáveis pelas nascentes dos recursos hídricos e que, por isso, precisam ser preservadas. O risco de escassez de água é real com a agravante de que parte das terras pode se tornar um deserto, um solo pobre de nutrientes. As montanhas, afinal, produzem 60% dos recursos de água doce do mundo e cobrem 12% da superfície da Terra, conforme os dados da instituição.
 
A quantidade e a qualidade da água dependem das matas das montanhas. Inúmeras cidades também dependem dessa água. Há ainda a questão da energia hidroelétrica, que para operar depende das águas. A FAO observa também em seu recente documento divulgado através de sua sede em Roma que os bosques armazenam ainda uma grande quantidade de carbono e podem desempenhar um papel importante nas políticas para as mudanças climáticas. A perda dessas reservas liberaria grandes quantidades de carbono á atmosfera, acrescenta.
 
É importante frisar que o Código Florestal, em gestação no Congresso Nacional em Brasília, apresenta regulamentação a respeito da preservação ambiental. Em Goiás, um dos estados líderes na produção de alimentos e situado no bioma Cerrado, as instituições públicas e privadas têm se manifestado a respeito.
 
A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) vêm provocando o despertar prático da questão. A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) desenvolve esforços pela preservação e sustentabilidade das principais bacias hidrográficas, com ênfase para o Meia Ponte e João Leite. A Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) adota como mote das exposições agropecuárias a produção com sustentabilidade. E desenvolve uma parceria com o Programa Mata Viva para obter o crédito de carbono. Com a preservação o produtor ganha dinheiro. A Federação da Agricultura (Faeg) segue as linhas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também nessa direção.
 
Essa compreensão precisa realmente chegar aos produtores que descumprem as medidas preservacionistas. Afinal, eles precisam preservar o que é seu – o solo onde eles cultivam e colhem para a sua sustentação. O grande desmate, todavia, é uma prática condenável dos madeireiros. Aí é outra história. O Código Penal existe para ser cumprido.
 
PS. Hoje, 12, o Dia Internacional das Montanhas é celebrado com uma cerimônia na sede da FAO em Roma.
Fonte: Emater Goiás